Raízes históricas
Para nos aprofundar nos aspectos históricos da Umbanda, vamos viajar pelo passado das raízes que deram origem a essa Umbanda de Todos Nós no Solo Brasileiro.
A Raiz Africana
Logo após o descobrimento do Brasil, tivemos em nosso país, o triste e vergonhoso episódio da escravidão e os negros que aqui chegaram, como escravos, trouxeram um sistema religioso que compreendia vários rituais, cada qual de suas nações de origem.
Mas quais eram as várias raças ou tribos africanas introduzidas no mercado de escravos do Brasil?
O estudo desta e outras tantas questões relacionadas ao negro no Brasil, esbarraram em muitas dificuldades e foi tão grande a confusão nessas pesquisas, que os nossos mais eruditos historiadores e sociólogos tropeçaram em fatos elementares do estudo destas tribos importadas, seu valor numérico, antropológico, sociológico etc.
Isto ocorreu devido a vários fatores, entre eles, os principais motivos foram:
-
Inexistência de documentos originais de registros aduaneiros;
-
Destruição de documentos históricos, por uma geração que se ocupou em apagar de nossa história o vestígio da escravidão, queimando em fogueira documentos, por determinação do Ministério da Fazenda[1];
-
Vastidão do território nacional, tornando unilaterais esses estudos;
-
Nomes vulgares que os negros se davam a eles próprios, de acordo com o lugar de origem, às vezes simples cidades ou vilas.
[1] A Circular n º 29 do M.F. datada de 13 de maio de 1891 manda queimar arquivos inerentes a escravidão.
Foi Nina Rodrigues (Os Africanos no Brasil, 1932) quem lançou a primeira luz sobre estas questões, seguida por Arthur Ramos (O Negro Brasileiro, 1940), em largo inquérito sobre as religiões negras. Estas pesquisas identificaram que a maioria da população negra era de procedência sudanesa e em menor número os negros de origem banto.
Estes negros que aqui aportaram como escravos saíram, principalmente de três grandes áreas, a saber: do Congo, do Golfo da Guiné e do Sudão Ocidental e vieram para os Estados da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais e São Paulo.
Dos negros Sudaneses, os mais importantes foram, nessa ordem:
▪ Iorubas ou Nagôs
▪ Gêges (Ewes, Jejes ou Daomeanos)
▪ Minas
▪ Hauçás
▪ Tapas
▪ Bornus
▪ Gruncis ou Galinhas
Com esses negros sudaneses entraram dois povos de influência maometana:
▪ Fulas
▪ Malês[2]
Dos negros Bantos ou Bantus, os mais importantes foram:
▪ Angolas
▪ Congos ou Cambindas
▪ Benguelas
▪ os de Moçambique (incluindo os Macuas e Angicos).
As demais denominações, que tanta confusão originaram, nada mais são do que províncias ou regiões do vasto território afro-austral, habitat dos povos bantos.
Os compradores de escravos, movidos por interesses mercantilistas, procuravam comprar aqueles que não pertenciam à mesma nação, separando as mães dos filhos e dos maridos. Era comum um fazendeiro comprar um lote de escravos minas, juntamente com congos ou angolas. Essa estratégia tinha por objetivo diminuir o risco de uma rebelião ou trama de fugas. Surgiu aí a primeira dificuldade da prática de um culto, em função das várias línguas faladas pelos negros de uma mesma senzala.
Roger Bastide (As Religiões Africanas no Brasil), cita que não era possível aos iorubás nem aos daomedanos conservarem sua religião familiar, nem aos bantos continuarem o culto de seus ancestrais.
[2] Malê vem de Malinkê (Mali-nkê, gente ou homens de Mali). Mali ou Mandinga era o nome de um reino ou império que se desenvolveu no vale do Niger. Esta raça é muito antiga e se compunha de elementos negros primitivos. Este povo tinha uma índole guerreira e cruel, eram considerados grandes mágicos e feiticeiros, e daí o termo mandinga, no sentido de mágica, coisa feita, despacho, que os negros divulgaram no Brasil.
Então a solidariedade deixou de acontecer no plano doméstico para se tornar uma solidariedade étnica.
A manutenção, ainda que parcial, dos valores religiosos negros durante o período escravagista ocorreu devido à chegada, nos vários lotes de escravos de adivinhos, médicos-feiticeiros e sacerdotes. Esses mais ligados aos ritos africanos souberam, ao longo do tempo, unir de maneira adequada os negros de várias nações e línguas diferentes, naquilo que tinham em comum, a crença nos Orixás.
Um dos motivos da perda significativa dos valores religiosos africanos é que provavelmente raríssimos babalawos vieram para o Brasil como escravos, perdendo-se muito do seu conhecimento iniciático.
A procedência do negro escravizado foi majoritariamente iorubana, num ciclo que se iniciou no fim do século XVIII. Chegaram à Bahia em tal número e em relativo pouco espaço de tempo, que puderam conservar e impor aos outros negros escravizados as suas tradições e a sua linguagem – o Nagô, que passou a ser a língua franca da única instituição religiosa negra no Brasil.
Estes vários rituais que os negros trouxeram para o Brasil, de suas nações de origem, chamados de culto de nações ou culto africano, com o passar do tempo foram sofrendo adaptações até perder suas características, dando origem ao Candomblé.[3]
[3] O termo Candomblé significa barracão e não é encontrado na África como culto religioso. Segundo Edison Carneiro (Os Candomblés da Bahia, 1948), é o lugar em que os negros da Bahia realizavam as suas festas públicas anuais das seitas africanas.
Os Mandingas
Os negros mulçumanos, chamados malês ou mandingas cultuavam Alá como seu Deus e Maomé como seu profeta e consideravam os demais negros que cultuavam os Orixás como infiéis. Os brancos, aproveitando essa animosidade, confiava aos Mandingas funções superiores aos demais, incrementando a rivalidade entre os dois grupos. Geralmente eram os mandingas que acabavam ocupando o lugar de caçadores de escravos fujões, conhecidos por capitães do mato.
Os mandingas tinham permissão para usar pequenos trechos do alcorão, dentro de invólucros de pele animal, que levavam ao pescoço, como patuás.
Quando um escravo fugia da senzala, pendurava ao pescoço um patuá, de modo que pensassem tratar-se de um negro mandinga, para não ser perseguido. Entretanto, se um mandinga o abordasse e ele não soubesse responder em Árabe, o verdadeiro mandinga descarregaria toda a sua violência nesse infeliz negro fugitivo. Assim nasceu a expressão:
“quem não pode com mandinga não carrega patuá”.
A vingança a quem se atrevesse a portar um falso objeto sagrado pelo muçulmano era algo terrível. Com o passar do tempo o hábito de utilizar patuás entre os negros foi se generalizando, pois eles acreditavam que o poder dos mandingas era devido, em grande parte, aos poderes do patuá.
O Sincretismo
A Igreja Católica aceitava a escravidão em determinadas condições de barganha, ou seja, desde que o escravo fosse obrigatoriamente evangelizado na sua chegada ao Brasil, aprenderia as rezas latinas, receberia batismo, assistiria às missas e tomaria os demais sacramentos.
Graças ao sincretismo Orixá-Santo Católico, a sobrevivência dos cultos africanos tornou-se possível, embora, inicialmente tinha a intenção de fazer desaparecer as tradições religiosas africanas. Esse intento foi se frustrando com o passar dos anos.
Quando a Igreja percebeu que seria impossível fazer desaparecer essa profunda religiosidade, passou a estimular o sincretismo com o Catolicismo, pois muitos dos costumes negros podiam ser adaptados aos católicos.
Segundo Bastide, para poder subsistir durante todo o período escravagista, os deuses negros foram obrigados a se dissimular por trás da figura de um santo ou de uma virgem católica. Esse foi o ponto de partida do casamento entre o Catolicismo e a religião Africana.
A Igreja interferiu diretamente nesse processo. Os senhores da fazenda, percebendo que o negro apresentava um rendimento maior quando tinha lazer, passaram a incentivar a organização de festas que, obrigatoriamente coincidiam com os dias consagrados aos santos da Igreja Católica.
Os senhores de escravos, não percebiam que diante do humilde altar católico no muro da senzala, onde os negros podiam dançar ritualisticamente sem castigos, cultuavam na verdade, nos passos de dança, os mitos dos Orixás.
Após cumprirem suas obrigações com os Orixás, na natureza, os negros retiravam uma pedra do lugar sagrado, chamada otá e essa pedra passava a ser cultuada como objeto sagrado pelo resto de seus dias.
Eles escavavam as imagens dos santos Católicos, que eram esculpidas em madeira e colocavam a pedra dentro. Desta forma, ele poderia voltar-se para uma imagem do santo Católico e reverenciar o seu Orixá, resultando daí o início do sincretismo de crenças e divindades de vários aspectos.
O sincretismo processou-se nas diferentes regiões do país, segundo a crença ou devoção das figuras mais importantes e representativas das várias localidades.
Além de uma forma de resistência, o sincretismo constituiu também um modo precioso de preservar a sua cultura religiosa. Apesar disso, dos quatrocentos Orixás cultuados pelos africanos de então, apenas dezesseis conseguiram “sobreviver” as perseguições e aniquilamento dos patrimônios culturais e religiosos africanos, obedecendo a sábias determinações do Astral Superior.
A Concepção Religiosa dos Africanos
De um modo geral esses africanos eram monoteístas, pois adoravam a um DEUS-ÚNICO, chamado de OLORUM (entre os nagôs) e ZAMBY ou ZAMBIAPONGI (entre os angolenses).
Entre os nagôs[4], veneravam também a deuses, chamados de ORIXÁS, como emissários desse mesmo Olorum. Os Orixás, para os africanos, eram, e ainda são considerados como os senhores de certas FORÇAS ELEMENTAIS ou dos Elementos da Natureza.
Em seus rituais de nação tocavam o adarrum, espécie de toque especial de atabaques, para chamar seus Orixás. Esses atabaques eram preparados cuidadosamente, dentro de certo segredo, tudo envolvendo cânticos, ervas e certa fase da lua e tinham a denominação de RUM (o maior), RUMPI (o de tamanho médio) e LÊ (o menor). Esse toque especial com esses três atabaques era para que se desse o transe mediúnico, no Babalorixá ou na Ialorixá e nos filhos-de-santo.
Tudo isso era acompanhado de danças expressivas (apropriadas a cada Orixá), palmas, cânticos, etc.
[4] Desde o princípio da escravidão no Brasil, a nação Nagô (Iorubas) foi, reconhecidamente, a que dominou positivamente, quer no aspecto religioso, quer no da língua, entre as demais nações africanas aqui no Brasil, bem como, foi o sistema que mais influenciou por dentro dessa corrente dos adeptos dos cultos afro-brasileiros. Segundo Nina Rodrigues, na Bahia, os Nagôs assumiram a direção das colônias negras, impondo sua língua e suas crenças.
Todavia, quando se dava esse transe mediúnico, todos sabiam que, quem baixava, não era o Orixá ancestral – o deus Xangô, Ogum, Oxossi etc. Era um enviado do Orixá (o Orixá intermediário), porém representava a sua força.
Tanto esse Orixá ancestral, quanto o intermediário, em suas concepções, nunca tinham encarnado, isto é, jamais haviam passado pela condição humana.
Todo esse ritual, com suas evocações, suas práticas, era quase sempre acompanhados de oferendas simples ou especiais – chamadas depois de “comida-de-santo” – tudo de acordo com a ocasião da festa ou da cerimônia que se fizesse necessário. Também era comum, antes de iniciar o ritual propriamente dito, fazer um ebó, espécie de despacho, que envolvia, desde o sacrifício de animais até o seu aspecto mais simples, com pipocas e outras coisas.
Desta forma, fica claro que os africanos trouxeram suas concepções bem definidas, com seus deuses, seus rituais, suas práticas e, especialmente, todo um sistema de oferendas aos Orixás, que envolviam elementos materiais, inclusive o sacrifício de animais, com sangue etc.
Em seus ritos, só evocavam Orixás ou seja, espíritos que nunca tinham encarnado. Os espíritos ditos como EGUNS (ou egungum), não eram aceitos, sendo repelidos por eles. Como EGUNS, qualificavam a todos os espíritos de seus antepassados, as almas dos mortos, enfim, a todos que já tinham sofrido o processo da encarnação.
Portanto, os espíritos de Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, etc. seriam repelidos porque eram eguns. Todos esses são espíritos-velhos porque já encarnaram dezenas, centenas de vezes.
Abaixo, fundamentos dessa raiz, retalhos de uma antiqüíssima Tradição Iniciática, perpetuada por tradições orais que nunca foi codificada em livros sagrados, já que era profundamente inerente e atávica à memória coletiva deste povo.
Babalorixá (função masculina) – sacerdote do culto nagô; o pai-de-santo; o chefe-de-terreiro do candomblé ou simplesmente babá-de-terreiro.
Babá – diminutivo do termo Babalorixá, que tanto pode designar o homem como a mulher, sacerdote ou sacerdotisa; pai ou mãe-de-santo.
Babalaô ou Babalawô – sacerdote do culto de Ifá, possuidor de poderes mágicos, mediúnicos e cabalísticos, conhecedor da magia branca e negra e dos verdadeiros ritos de iniciação, rezas, etc.
Yalorixá (função feminina) – sacerdotisa; mãe-de-santo; babá-de-terreiro; a dona do candomblé.
Iya-kekêrê – a mãe-pequena; a 2ª pessoa a substituir a Yalorixá
Iya-bassê ou Yabá – cozinheira sagrada, mulher escolhida exclusivamente para preparar as comidas dos Orixás.
Iaô ou Yawô – a inicianda ou filha-de-santo no período da iniciação.
Ebami – a filha-de-santo ou a inicianda mais velha do terreiro
Ebômim – filha de santo com mais de 7 anos de iniciada.
Pêji-gâ – auxiliar de confiança; zelador especial do altar ou pêji.
Ogâ ou Ogan (título honorífico) – espécie de protetor social do candomblé, que fornecia os meios financeiros para as festas etc. Era escolhido pelo Babá e confirmado pelo orixá.
Ogâ ou Ogan de atabaque – a pessoa que conhecia os segredos dos toques para os Orixás.
Ogâ ou Ogan de terreiro – auxiliar que se dedica a tirar os cânticos, ditos como pontos-cantados, para os Orixás.
Axôgun – auxiliar que se dedica exclusivamente aos ritos do sacrifício dos animais escolhidos para as divindades. É aquele que se diz ter "mão-de-faca”, isto é, o que foi preparado para matar os bichos.
Iyalaxé – zeladora dos achés que são certos preparos mágicos que se enterra no chão do terreiro, e também zeladora dos otás ou itas (pedras dos orixás).
Cambondo ou cambono – nos candomblés congo-angola significava tocador de atabaque, depois, generalizou-se nos candomblés e na Umbanda como aqueles que se ocupam de servir às pessoas mediunizadas.
Candomblé – o local onde se faz o terreiro. Onde se processam os ritos ou as cerimônias.
Candomblé de Caboclo – ritual onde predomina as evocações para os encantados – o mesmo que os Caboclos.
Pêjí – o altar ou o santuário dos candomblés, dito, também, como Congá.
Tata ou Tata-de-Inkice – sacerdote de terreiro de ritual Congo e Angola.
Mamêto de Inkice – mãe-de-santo de terreiro de ritual Congo e Angola.
Encantado – no candomblé de Caboclo e no catimbó são os espíritos protetores, chamados de mestres, etc.
Aiyé – Universo Material
Orum – Universo Espiritual
Odu – Destino individual
Ilu – atabaque de um modo geral.
Os Principais Orixás Cultuados no Candomblé
ZAMBY – É a Suprema Divindade, Deus Supremo, Senhor do Céu e de todos os Orixás. Absorveu o Ôlorun dos nagôs, se impondo definitivamente.
OXALÁ[5] (termo que é uma contração de Obatalá), o filho de OLORUM, O pai da humanidade. Um ORIXALÁ, isto é, um Orixá-maior. Costumam os adeptos do Candomblé, distinguir duas modalidades de Oxalá: Oxalufã ou Oxalá-alufan, o "velho" e Oxaguinhã ou Oxalá-Guian, o "moço".
YEMANJÁ – Orixá que domina o mar ou as águas salgadas, Deusa das Águas, simboliza a maternidade. Dentro do sincretismo, foi assimilada à N.Senhora da Glória em alguns locais e N.S. da Conceição, em outros.
OXUM – Divindade que domina os rios, cachoeiras e as águas doces. Foi sincretizada com a Imaculada Conceição dos católicos
XANGÔ – Deus do Trovão, dos Raios e das Tempestades, ou seja, do fogo celeste. Na África é também conhecido sob o nome de Xangô-D’zakutá ou Jakutá, “o lançador de pedras” (do raio, do meteorito). Dentro do sincretismo passou a ser assimilado a S. Jerônimo da Igreja.
OXOSSI – Orixá que preside a caça, as matas, florestas e todos os vegetais etc. Dentro do sincretismo, foi assimilado a S. Sebastião.
OGUM – Divindade guerreira, Deus da Guerra, das Lutas e Demandas. Dentro do sincretismo passou a ser assimilado, ora a Santo Antônio (na Bahia), ora a S. Jorge (em outros estados).
YANSÃ – Divindade dos ventos, raios e tempestades. Sincretizada com a Santa Bárbara dos católicos.
OMULU (síncope de Omonolu) – Divindade cultuada com temor, pois domina e promove as doenças. É o Orixá da varíola, da peste etc. Também chamado de Abalaú-aiê ou Obaluayê, é sincretizado no Brasil como o São Lázaro dos católicos, exceção da Bahia onde é assimilado com São Roque e São Bento.
NANÃ-BURUQUÊ – Orixá feminino, considerada a mãe de todos os Orixás, é a Divindade da lama e dos elementos pantanosos. Sincretizada com Nossa Senhora Santana dos católicos.
Exu – é Orixá considerado menor, porque serve de mensageiro para os outros Orixás, principalmente para Ifá. É tido como Elegbara porque é o guardião dos terreiros, das casas e das pessoas.
IBÊJIS- Divindades consideradas como Orixás meninos, também chamados de Erês. Sincretizados no Brasil como Cosme e Damião da Igreja Católica.
IFÁ – O Orixá-oráculo, o mensageiro dos deuses, o Adivinhador. Sincretizado com o Divino Espírito Santo da Igreja Católica.
OSSÃE – Orixá feminino, dona das folhas. Não foi sincretizada.
LÔKÔ – Orixá masculino pouco cultuado nos terreiros, sendo mais na sua árvore sagrada que é a gameleira.
OXUMARÊ – Deus encarregado de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris. É o orixá dos movimentos, da transformação e evolução. Não tem sincretismo.
Somente cinco desses termos representativos de Forças ou Potências, milenários, tradicionais remotíssimos, foram conservados na adaptação oculta do astral, por dentro da Lei de Umbanda.
[5] Já pela influência ou pressão do clero, foi identificado com o SENHOR DO BONFIM, da Bahia, o mesmo que JESUS. Isso foi o começo do chamado sincretismo.
Glossário de Termos e Expressões do Candomblé
(retirado da obra “Os Candomblés de São Paulo” de Reginaldo Prandi)
ABIÃ: Aspirante. Pré-miciado. Nível mais baixo na hierarquia do terreiro.
ABORÉ: Sacerdote supremo, com prerrogativas sobre babalorxás e ialorixás. Desapareceu no Brasil no começo do século.
ADJUNTO: O mesmo que juntó. Segundo orixá que rege a pessoa. Em geral há uma correspondência mítica entre o orixá primcipal e o adjuntó. Por exemplo, quem é de Oxalá tende a ter uma Iemanjá como juntó. Mas não há regra fixa. Nos cultos paulistas mais africanizados não há culto ao juntó nem aos demais orixás que fazem parte do carrego-de-santo (ver).
AÇOBÁ: Sacerdote da casa dos Eguns, os antepassados da casa. Não se reproduz no candomblé de hoje em São Paulo.
AGIBONÃ, ou jibonã: O mesmo que mãe-criadeira. Pessoa do terreiro encarregada de zelar, cuidar e ensinar os iniciantes e iniciados quando estes estão recolhidos no roncó em períodos de obrigação.
IABÁ, ou iabá: Orixá feminino, rainha.
ALABÊ: Ogã encarregado dos atabaques. Também pode tratar-se de pessoa capaz de tocar e cantar.
ANGOLA: Nação de candomblé de origem banto, mais próxima da umbanda em termos rituais. Seu linguajar vem de dialetos bantos. Cultua os mesmos orixás das nações de origem iorubana, mas os chama por outros nomes em sua língua ritual.
ARIAXÉ: É o ponto central do barracão onde estão enterrados símbolos materiais sacralizados e que representam as forças do orixá e as forças da casa.
ASSENTO: O mesmo que assentamento.
ASSENTAMENTO: É o altar particular do orixá da pessoa ou mesmo do orixá do grupo. Ele contém os otás, ou pedras, ou os ferros que representam o orixá, os quais são consagrados juntamente com a cabeça do iniciado na cerimômia da feitura. O assentamento contém também as insígnias principais do orixá, muitos dos seus símbolos, moedas, búzios etc. Os assentamentos contém, amda, utensílios que são usados para o oferecimento de alimentos, como por exemplo pratos. Todo o assentamento forma uma única peça que é contida dentro de uma bacia de gate ou de louça branca para os orixás feminimos e Oxalá, ou por um recipiente de madeira, gamela, quando se trata do orixá Xangô, ou ainda recipientes de barro, os alguidares, para os demais orixás. Evidentemente, há variações de casa para casa e de nação para nação.
AXÉ: Energia sagrada; força vital do orixá; força sagrada que emana da natureza; força que está em elementos da natureza que são sacrificados, como animais, plantas, sementes etc. Também significa origem ou raiz familiar, ascendência mítica; conhecimento miciático; legitimidade; carisma; poder sacerdotal; poder.
AXÉS: No plural significa os tecidos e orgãos dos animais que contêm as forças sagradas e que são necessariamente oferecidos ao orxá. O sangue todo, as patas, a cabeça, os orgãos intemos dos animais, a membrana que envolve os orgãos abdominais e as primerras costelas cujo número varia de orixá para orixá.
AXEXÉ: Rito funer rio no qual o Egum da pessoa é despachado assim como aqueles assentamentos dos seus orixás que não ficarão como herança para outros membros da casa.
AXOGUM: É o ogã sacrificador, o encarregado do sacrificio dos animais, “o dono da faca”.
BABALAÔ: É o sacerdote do deus Orunmilá, que é a divindade do oráculo. Cabe a ele o jogo exclusivo do opelê-lfá (ver). O babalaô desapareceu do candomblé no Brasil desde 1940 aproximadamente; mais ainda se mantém em Cuba, onde a estrutura do culto é diferente da estrutura no Brasil. No Brasil todo o culto hoje está centrado em torno da mãe ou do pai-de-santo, deixando de existir espaço para o papel do babalaó.
BABALORIXÁ: O mesmo que pai-de-santo. E o chefe do terreiro, o sacerdote supremo da casa.
BABÁ-QUEQUERÊ: ou pai-pequeno. O segundo na hierarquia do terreiro.
BABÁ-TEBEXÊ: Encarrecado dos cânticos.
BARCO DE IAÔS: Conjunto de miciados que são recolhidos, feitos e apresentados em público numa mesma época. Há uma relação hier rquica entre eles, de tal modo que o primeiro tem precedência sobre todos os demais, o segundo sobre os que o seguem e assim por diante.
BOLAR NO SANTO: Forma preliminar e desordenada de transe que precede a iniciação.
BORI: Cerimônia através da qual se cultua a cabeça (ori); significa dar comida à cabeça. É um ebó à cabeça.
BOTAR O JOGO: O mesmo que jogar os búzios, ler o destino, ver a sorte, conhecer o orixá da pessoa. É prerrogativa exclusiva do pai ou da mãe-de-santo do terreiro.
CABOCLO: Entidade mítica cultuada nos candomblés de caboclo, de angola e também nos de queto não ortodoxos. São entidades consideradas inferiores aos orixás. Podem ser espíritos desencarnados, ou encantados das florestas e dos matos do Brasil antigo. Há os caboclos “de pena” (índios) e os boiadeiros.
CARREGO-DE-SANTO. É o conjunto de orixás da pessoa que definem a sua personalidade, as suas características e que mantêm entre si um significado mítico unitário. Nos candomblés africanizados de hoje o carrego-de-santo tende a desaparecer.
CASA-DE-SANTO: O mesmo que terreiro ou casa de candomblé.
CATIMBÓ: Culto de predominância basicamente indígena com traços e elementos de orngem banto. Suas principais entidades são os denommados mestres que correspondem aos encantados do candomblé.
CONFIRMADO: O que passou pela confirmação (ver).
CONFIRMAÇÃO: Cerimônia através da qual o escolhido pelo orixá é entronizado no seu cargo sacerdotal.
CONSERTAR O SANTO: Na gíria do povo-de-santo consertar o santo significa consertar ou refazer certas etapas da iniciação que não teriam sido corretamente realizadas pelo pai ou pela mãe-de-santo anterior.
CÓSSI: Pessoa ignorante nos assuntos do santo. Pessoa que não tem fundamento (ver).
DAGÃ: Ebômi mulher que dança para Exu, no rito do padê que precede o toque para os demais orixás.
DECÁ: Obrigação de sete anos que marca a passagem do iaô para o status de ebômi que confere a senioridade sacerdotal aos iniciados rodantes. Também chamado oiê de ebômi ou cuia.
DESPACHO: Em geral oferendas que são depositadas em encruzilhadas, pedreiras, lagoas, matas, ou outros lugares de preferência dos orixás que estão sendo propiciados.
DUINA: O mesmo que orucó. Nome religioso em língua ritual. Não é usado em todas as nações nem em todas as casas de uma mesma nação. Costuma ser uma parte do nome do orixá pessoal da pessoa, geralmente extraido de frases de cantigas, cujo significado é geralmente desconhecido.
EBÓ: Sacrifício ritual, em geral sacrifício de limpeza, de descarrego, que serve para transferir a alimentos e a animais sacrificados certos males que estão no corpo da pessoa.
EBÔMI: Status de senioridade nos candomblés; pessoa que já passou pelo rito de obrigação dos sete anos, ver decá.
EFÃ: Uma das nações de candomblé em que há predominância de traços de origem iorubana ou das nações de candomblé também conhecidas como jeje-nagô. A nação efã é origmária do terreiro do Oloroquê em Salvador. Não confundir com fon, nome de um dos povos africanos que no Brasil vão dar origem aos candomblés jeje-marrim e jeje-mina.
EGUM: Egum é a parte do indivíduo que sobrevive à sua morte e que pode ser cultuada. O egum é despachado no axexé (ver).
EGUNGUM: E o mesmo que egum, mas esse nome é usado especificamente nos candomblés de Itaparica de culto aos antepassados.
ENCANTARIA: Culto dos encantados de origem predominantemente indígena. Faz parte dos cultos introduzidos em São Paulo pela casa de Francelino de Shapanan, onde se cultuam os voduns da nação mina-Jeje do Maranhão.
ENREDO DE SANTO: O mesmo que carrego-de-santo (ver ).
EPA BABÁ! Saudação a Oxalá.
EPARREI OIÁ! Saudação a lansã ou Oiá.
EQUÊ: Falso transe, transe fingido, transe de brincadeira.
EQUEDE: Sacerdotisa não rodante dos candomblés, cuja função é cuidar dos orixás em transe e de seus objetos de culto. É suspensa em público pelo orixá e passa pela cerimônia de confirmação (ver).
ERÊ: Entidades de características infantis que são uma espécie de intermediarios entre o iniciado e o seu orixá.
ERÊ, ESTADO de: É o mesmo que estar em transe de erê (ver).
ETUTU: Sacrifício ritual semelhante ao ebó (ver). No entanto, o etutu é realizado durante uma sessão continua de jogo de búzios, que vai determinando quais ingredientes devem compor o sacrifício e em que quantidade.
EUÓ: O mesmo que quizila (ver).
FEITO: Pessoa iniciada no candomblé. Ver feitura.
FEITURA: Iniciação rítual. Implica hoje recolhimento, raspagem e pintura da cabeça e apresentação do iniciado em festa pública, a chamada saida de iaô (ver).
FILHO-DE-SANTO: Pessoa que passou pelos ritos de iniciação.
FUNDAMENTO: Conhecimento iniciático; legitimidade.
FUXICO: Característica particular e secreta de um determinado rito próprio a uma determinada casa e a um determinado orixá, ou a um carrego-de-santo (ver).
JEJE: Outra grafia para Jeje.
HELEDÁ: “Anjo da guarda”, o santo da pessoa, orixá pessoal.
IABASSÊ: Responsável pela cozinha. E a cozinheira do orixá.
IALAXÉ: Mãe encarregada de zelar pelos axés da casa.
IALORIXÁ: Mãe-de-santo. Chefe do terreiro. Sacerdotisa suprema da casa.
lÁQUEQUERÊ: Ou mãe-pequena. Segunda pessoa na hieraquia do terreiro.
IAÔ: Iniciado rodante que ainda não passou pela obrigação de sete anos.
IÁ-TEBEXÉ: Encarregada dos cânticos.
IBÁ: O mesmo que assentamento.
IBÁ-ORI: Assentamento para o culto da cabeça (ori).
IBÁ-ORIXÁ: O mesmo que assentamento ou assento do orixá (ver).
ILÁ: Grito do orixá. Sua identificação sonora característica e particular. Durante o período de obrigação, em que o iniciado usa um colar apertado de contas, o quelé, o orixá fica interditado de emitir o seu il.
INICIADO: O mesmo que feito.
IPETÉ: É nome de uma comida predileta de Oxum e também da sua festa anual.
JUNTÓ: Segundo santo da pessoa. Ver adjuntó. o
JEJE: Candomblé em que predominam traços e elementos das religiões dos povos ewe e fon. Ver jeje-marrim e jeje-nagâ.
JEJE-MARRIM: Candomblé de predominância jeje da região da Bahia.
JEJE-NAGÔ: O mesmo que candomblé de predominância iorubana, cujas nações principais em São Paulo são o queto e o efã.
MATANÇA: Sacrifício ritual de animais.
MARMOTAGEM: Ato de cometer erros iniciáticos (por ignorância ou mesmo intencionalmente) de que os pais-de-santo e mesmo os filhos-de-santo podem ser acusados.
MARMOTEIRA(O): Mãe ou pai-de-santo que cometeu ou comete marmotagem (ver).
MINA-JEJE: ou mina-maranhense. Candomblé com predominância de culto aos voduns ao invés de culto aos orixás. Reproduziu-se em São Paulo recentemente com a chegada de casas do Maranhão.
NAGÔ: Uma das designações para os povos iorubanos.
NAGÔ-IJEXÁ GAÚCHO: Nação de candomblé que veio a se constituir no Rio Grande do Sul, provavelmente a partir da Guerra do Paraguai.
NAGÔ-PERNAMBUCANO: Nação de candomblé de predominância iorubana constituída na região de Recife e Olinda principalmente. E uma das nações dos xangôs do nordeste, que se formaram nos estados acima da Bahia. Nação introduzida em São Paulo com a mudança, do Recife, do terreiro quase centenário de Mãe das Dores.
OBI: Fruto também denominado noz-de-kola, de origem africana, fundamental no culto dos candomblés. O obi é usado como fonte de axé e também como instrumento oracular. Usa-se o fruto climatizado no Brasil, de duas faces, e o importado da África, de quatro faces.
OBRIGAÇÃO: Ritos iniciáticos que implicam recolhimento, sacrifícios de animais e de outros alimentos, além de práticas de purificação. E através das sucessivas obrigações que a carreira sacerdotal está organizada no candomblé.
ODU: Definição da origem, destino e explicação dos fatos da vida do consulente, e das formas propiciatórias de reparação, desvendadas através da prática oracular.
OGÃ: Cargo masculino de iniciados não rodantes. Ver axogum e alabê.
OIÊ: Cargo sacerdotal.
OLODUMARE: Deus supremo, distante e praticamente esquecido. Não recebe culto particular.
OLORUM: O mesmo que Olodumare e designação pela qual o deus supremo é mais referido no Brasil.
OLUBAJÉ: Festa anual de Obaluaiê, na qual é costume cultuar-se também Oxumarê e Nanã que seriam entidades divinas de uma mesma familia procedente das regiões do antigo Daomé.
OLUÔ: Cargo sacerdotal de “olhador”, o que joga búzios. Em geral o olu” é o próprio pai ou mãe-de-santo.
OMOLOCÔ: Rito de umbanda com traços de candomblé angola. Também denomimado “umbanda traçada”.
OPELÊ-IFÁ: Instrumento oracular do babalaô. Espécie de rosário feito com oito metades de frutos do dendê, que, jogado ao acaso, dá configurações em mimero de 16 e que em dois lances fornece 256 configurações chamadas odus (ver).
ORÁCULO: Meio ritual para se descobrir a origem mítica da pessoa, seu destino, seus problemas e os sacrifícios propiciatórios necessários à solução dos problemas da vida. No candomblé, há o oráculo exercido pelo babalaô (desaparecido no Brasil) e o jogo de búzios que é prerrogativa do pai ou da mãe-de-santo.
ORAIÊ Ô OXUN! Saudação a Oxum.
ORI: Cabeça, parte interior da cabeça, personalidade, emoções internas, tudo aquilo que está dentro do cérebro. O ori é cultuado através do bori (ver).
ORIQUI: Reza que faz referência à ancestralidade do orixá.
ORÔ: Sacrifício ritual Também se denomina orô a cerimônia de iniciação propriamente dita do fiel no dia em que se executam as matanças rituais após a raspagem da cabeça do iniciante.
OROBÔ: Fruto africano preferencial de Xangô. Também usado como instrumento oracular
ORUCÓ: ou oruncó. O mesmo que dijma.
ORUNMILÁ: Deus do oráculo. Ver oráculo.
OSSÉ: Rito semanal de limpeza e arranjo dos assentamentos do santo que deve ser executado pelo filho daquele orixá.
OTÁ (ou itá): Pedra que simboliza os orixás.
PEGIGÃ: Ogã encarregado de zelar pelos assentos do orixá.
PANO-DE-COSTA: Peça do vestuário feminino no candomblé.
POVO-DE-SANTO: Conjunto de todos os adeptos do candomblé ou da região dos orixás.
QUARTO-DE-SANTO: Quarto, pequena casa isolada, capela ou qualquer ambiente fechado em que estão colocados os assentamentos dos orixás.
QUETO: Nação de candomblé de predominância iorubana e que se constituiu nas casas mais conhecidas da Bahia. O patrono da nação é Oxóssi, deus cultuado principalmente na região da cidade do Queto, hoje localizada na República Popular do Benim.
QUICONGO: Língua do tronco banto ensinada atualmente ao povo-de-santo angola pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia
QUIZILA: O mesmo que euó. Tabu do orixá. Conjunto de proibições de alimentos, cores, lugares etc.
RASPADO: O mesmo que iniciado no candomblé.
RASPAR: O mesmo que iniciar uma pessoa no candomblé.
RODA-DE-SANTO: Roda formada pelos filhos-de-santo da casa durante O toque, segundo uma ordem hierarquica de senioridade.
RODANTE: Pessoa dotada da faculdade de entrar em transe.
RODAR-NO-SANTO: O mesmo que entrar em transe de orixá.
RONCÓ: Clausura. Espaço reservado ao recolhimento dos iniciados em período de obrigação.
RUM: Dança solo do orixá de que participam apenas sacerdotes ebômis confirmados. Na saída de iaô, a quarta apresentação do orixá no barracão é chamada saída do rum, quando ele já está totalmente paramentado para dançar.
SAÍDA-DE-SANTO: Cerimônia ritual pública que se dá geralmente no vigésimo-primeiro dia do período de iniciação. Na saida-de-santo ou saída-de-iaô, o iaô recém-iniciado é apresentado em transe ao público através de quatro saídas: a saída em homenagem a Oxalá, a saida em homenagem à nação, a saída em que o orixá dá em público o seu nome e a quarta saída, na qual o orixá faz a sua dança solo, ver rum.
SASSANHA: Cerimônia de sacralização das folhas, relacionada diretamente com o culto do orixá Ossaim, o dono da vegetação.
SUSPENSÃO: Ato público pelo qual o orixá mostra que escolheu uma pessoa fisicamente pelo orixá, ou suspensa numa cadeira por diferentes sacerdotes ou orixás em transe.
SUSPENSO: Pessoa que foi escolhida através da suspensão (ver).
TOQUE: O mesmo que cerimônia ntual pública dos candomblés. Caracteriza-se por dança ritual, canto e transe.
VIRADO-NO-SANTO: Pessoa em transe do orixá.
VIRAR-NO-SANTO: Entrar em transe do orixá.
VUMBE: Falecido. Morto. Usa-se geralmente na expressão “tirar a mão de vumbe”, ou seja tirar da cabeça a mão do pai-de-santo falecido.
VUME: O mesmo que vumbe (ver).
XAMBÁ: Antiga nação de candomblé, hoje praticamente extinta, que teria se formado no estado de Alagoas até os anos 20, de origem predominantemente iorubana. Sua quase extinção se deve a forte perseguição policial que os candomblés ou xangôs pernambucanos sofreram nos anos 20. Algumas casas migraram para o Recife, onde vieram a se refundir com nações locais, formando a nação atualmente denominada nagô-pernambucano. Mãe Maria das Dores foi iniciada por um dos mais antigos xambazeiros de que se tem notícia, o seu pai Rosendo.
XANGÔ: Nome pelo qual o candomblé é conhecido nos estados do Nordeste Oriental acima da Bahia, provavelmente pelo fato da divindade Xangô ter nestes candomblés importância central.
XIRÊ: Cerimônia pública do candomblé em que a roda-de-santo canta e dança, louvando todos os orixá, começando com Ogum, depois de uma oferenda preliminar a Exu, e terminando com Oxalá.
ZELADOR: O mesmo que pai-de-santo.
Pesquisa: Graça Costa (Yacyamara) - TUCAT
Fontes Bibliográficas:
COSTA, Ivan Horacio (Itaoman). Pemba - A Grafia Sagrada dos Orixás. Brasília: Thesaurus, 1990.
MAGARINOS, Domingos (Epiága R..) Amerríqua – As origens da América. São Paulo: Madras, 2006
MAGARINOS, Domingos (Epiága R..) Muito Antes de 1500. São Paulo: Madras, 2005
MATTA E SILVA. W.W. (Yapacani). Doutrina Secreta da Umbanda: Revelações Mediúnicas X Fatores Cabalísticos–Científicos–Metafísicos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1985.
MATTA E SILVA. W.W. (Yapacani). Lições de Umbanda (e Quimbanda) na Palavra de um “Preto Velho”. 6ª ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1995.
MATTA E SILVA. W.W. (Yapacani). Macumbas e Candomblés na Umbanda. 2ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1977.
MATTA E SILVA. W.W. (Yapacani). Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda. 3ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1981.
MATTA E SILVA. W.W. (Yapacani). Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda. 3ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1994.
MATTA E SILVA. W.W. (Yapacani). Umbanda e o Poder da Mediunidade. 3ª ed. revista e aumentada. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1987.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3ª ed. revisada e aperfeiçoada. São Paulo: Global, 2005.
Nina Rodrigues, Raimundo. Os Africanos no Brasil. São Paulo: Madras, 2008.
OLIVEIRA, Jose Henrique Motta de. Das macumbas a Umbanda: uma análise histórica da construção de uma religião brasileira. São Paulo: Editora do Conhecimento, 2008.
PEIXOTO, Norberto. Umbanda Pé no Chão. São Paulo: Editora Conhecimento, 2008
PRANDI, Reginaldo. Os Candomblés de São Paulo: a velha magia na metrópole nova. São Paulo: Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo, 1991.
RAMOS, Arthur. O Negro Brasileiro - 1º v. - Etnologia Religiosa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
TRINDADE, Diamantino Fernandes. Umbanda Brasileira: um século de história. São Paulo: Ícone, 2009.