Agosto de 1954

Na edição de Agosto de 1954, Matta e silva escrevia seu 2º artigo para o JORNAL DE UMBANDA.

Neste época ele assinava como W. da Matta e Silva.

Abaixo da imagem do jornal transcrevemos o texto.

 

https://img.comunidades.net/umb/umbandadobrasil/Segundo_artigo_de_Matta_e_Silva.JPG

 

 PREPARO DO MÉDIUM CONSCIENTE E INCONSCIENTE

Por W. DA MATTA E SILVA

(Da Tenda Umbandista – Oriental)

 

Quanta presunção poderia conter esta afirmativa se, as simples verdades que vão ser expostas, não o fossem por demais sabidas, menos por aqueles que deviam ter obrigação de sabe-las. Presidentes de Tendas, Ogans Sambas e Cambonos, Médiuns em desenvolvimento: aqui vão duas “formulas”, escolham a que mais sentirem verdadeira. A PRIMEIRA consiste em dizeres a qualquer um: tu és médium, estás “caindo de maduro”, para melhorares “disso ou daquilo”, tens que te desenvolver. Aceito o combinado, inicias os preparos pondo-o logo para “rodar”, dando um pouco de “Curiá”, umas boas fumaçadas e “puxa” curimba. A seguir com os processos, preparas uma mistura de ervas e bebidas, inclusive a “marafa” e ainda um Obi e um Orobô (dois frutos que tem a “propriedade de abrir cabeça e amarrar” o Orixá) e leva-o ao Mar ou à Cachoeira, acenda velas, manda que se ajoelhe, despeja essa infusão na cabeça do dito, canta e chama o “Santo”; tudo isso com barulho de tambores, palmas e “pontos” bem gritados. Findo esse ritual podes considera-lo como “Amaci ou Batismo” – a teu critério. Não precisas saber se é consciente ou não, escolhas um nome de Guia bem bonito e presenteia-o, sendo que, até a “preparação” final, outras “afirmações” serão feitas, com ligeiras alterações, mas no todo o “preceito´é o mesmo.

 

Essa fórmula é muito eficaz, faz vibrar certas sensações que, alimentando instintos, afastam do “Ego” superior a reflexão e as concepções que poderiam penetra-lo, deixando somente imperarem a ignorância e o fanatismo, arma poderosas que manejarás a teu bel prazer. E em consequência desse poder teu terreiro em curto tempo ficará superlotado. A SEGUNDA é pouco usada, porque: consiste em trazer a iluminação ao verdadeiro Mediunismo, bem assentado e orientado, no reconhecimento e na experiência, que mostra como psiquismo desperta as comunicações do Espiritual, e somente evolui, no silêncio pela concentração, ponto básico da iniciação de qualquer Escola. E, assim, quando assumires a responsabilidade de desenvolver um Médium, verifica primeiramente se esse dom faz parte de sua provação imediata, como meio de resgate, e em caso positivo, deves conhecer se é veículo de efeitos físicos, consciente (o mais comum) e, portanto, que vai exigir maiores cuidados, começarás por identificar sua Entidade de Guarda, ponto de apoio inicial a estampar na visão de seu mental. Então o farás entrar na corrente fluídica, pelo desenvolvimento e dirigirás sobre ele, vibrações com auxílio de um “Ponto” cantado e riscado, procurando faze-lo sentir suavemente, com o Ritmo e Harmonia, os fluidos que sua afinidade imantará pela presença da Falange que tenha sido chamada.

 

E ensina-o a controlar o pensamento, sem o forçar, em concentrações dolorosas. E nas sessões para esse fim, passarás a observar o seu adiantamento, e fiscalizarás suas “duvidas”, que serão os grandes obstáculos a sua futura firmeza, e o fará “viver” no eterno dilema do “ser ou não ser”, SE NÃO SOUBERES ensinar como se processa o mecanismo da incorporação, desde o momento que a alma cativa recebe e fixa os “ligamentos” de outra alma independente, cuja inteligência possa fluir, livre e desembaraçada e a transmissão seja veiculada pelo consciente do Médium, sem a interferência do subconsciente, que, nessa ocasião, deve permanecer mudo. Essa regra não é extensiva ao médium inconsciente, esse não sentirá “interferências”, a incorporação é total, terá certeza dos fundamentos que virão por ele e para ele...

 

Bem... meus Irmãos Umbandistas, o espaço é curto; finalizando conclamando-os a meditarem sobre essas duas “formulas”, principalmente a ti Irmão-Médium, ainda quero lembrar essa dura verdade: não tenhas ilusões, tua Missão é um Campo de Batalha, onde a luta não cessa, os Negativos chegarão por todos os lados, como “Larvas” para o ataque; mas, não importa que elas venham gritando e saltando das “cangiras” de Nagô; não importa também que cheguem gemendo e rilhando os dentes das trevas de Omolocô, nem que gargalhem zombarias na fúria impotente de abalar tua Fé: Se firme, não temas, tens as Armas da Lei; porém, guarda-te dessas que vem com risos suaves de bajulação e cânticos maviosos de atração fazendo tudo para insuflar tua Vaidade com a ilusória concepção do “Eu sou”.

 

Voltarei irmão para dizer algo sobre “LEI DE PEMBA”.

ERRATA: No nosso número de julho somos autor do artigo ALGO SOBRE UMBANDA. Saiu o nome truncado, pois o certo é o do autor deste artigo.   

 

Pesquisa: Rogério Corrêa (TUO-CPB-RJ)

Fonte: http://bndigital.bn.br/hemoroteca-digital/