Mário Tomar (Yassuami), Mestre de Iniciação da Raiz de Guiné, no ano de 1979 escreveu alguns artigos no jornal "Luta Democrática" do Rio de Janeiro.
Abaixo a transcrição do segundo artigo.
Edição 7712 de 6 de janeiro de 1979.
Respeitem à Umbanda
Mario Thomar
Alguns telefonemas de protesto, nos chegaram esta semana, falando sobre o desrespeito ao Culto e às Divindades, tanto da Umbanda como do Candomblé.
Faziam menção a um programa de televisão e a um cantor que teve a pretensão de querer apresentar músicas de Candomblé em ritmo de discoteca.
Realmente chegamos a ver o tal programa, que até a esta altura ia agradando a quem gosta do programa, -- do apresentador – e do gênero.
Tudo ia muito bem, até à hora de aparecer o tal cantor apresentando pontos de Candomblé em ritmo de discoteca. Realmente aquilo constrangeu não só a nós, como a todos os que professam a religião Umbandista e o Candomblé.
É realmente vergonhoso, que uma pessoa que se diz adepto convicto destes cultos, tenha que aturar tão grande desrespeito àquilo que é motivo de sua adoração e devoção. É verdadeiramente constrangedor, saber que pessoas sem o mínimo de escrúpulos, façam da crença de milhões de brasileiros, meio de vida, apresentado de uma maneira profana, aquilo que, repito, devia ser respeitado.
Nos dias de hoje, custa a acreditar, que tanto a Umbanda como o Candomblé, venham sendo desrespeitados, pelos mesmos pobres de espíritos que um dia foram ao um terreiro pedir ajuda e buscar socorro. É difícil de conceber, que tanto a Umbanda como o Candomblé, que mantem as portas abertas e aonde se encontra sempre um pai de santo ou mãe de santo, com o coração aberto, prontos a servir os corações aflitos, se vejam, assim vulgarizados e profanados muitas vezes até, por aqueles que um dia precisaram e lá foram pedir.
Já é hora, destes senhores saberem, que devemos respeitar com sinceridade, os Orixás, o culto e seus pontos, razão de fé de milhões de brasileiros.
Nunca é demais lembrar que respeito e vergonha, não se compram.
Fonte: Arquivo pessoal cedido gentilmente por Mário Tomar