Matta e Silva por Tania Lacerda

A primeira vez que ouvi o nome Matta e Silva, tinha eu meus doze anos mais ou menos. Meus pais, umbandistas praticantes, compraram o livro “Umbanda de Todos Nós” e eu, através do gosto pela leitura e por escrever que sempre me acompanharam, folheei aquele livro, pois apesar de ainda muito menina, sempre amei a Umbanda e gostava de saber sobre “as coisas da Umbanda”.

Meus pais, muito responsáveis quanto a minha educação espiritual, procuravam não deixar que eu me inteirasse muito sobre a Umbanda, pois já percebiam o meu interesse e os sinais de mediunidade, e temiam por meu ingresso prematuro na Umbanda.

Bem, não preciso nem dizer que às escondidas eu folheava o livro, e embora nada entendesse do que ali estava escrito, minha alma sentia a importância deste livro em minha vida um dia.

O tempo passou, e aos vinte um anos de idade entrei para a Umbanda e comecei minha jornada como médium em um terreiro. Deste dia em diante “Umbanda de Todos Nós” passou a ser também a minha referência sobre a Umbanda.

O fato é que lendo os outros livros de Matta e Silva, despertou em mim a curiosidade de conhecê-lo. E impulsionada por esta curiosidade estive com ele a primeira vez na livraria Freitas Bastos, em uma terça-feira, lá pelos anos 80, não me lembro o ano certo. Minha alma foi invadida por uma emoção muito grande ao ver aquele homem tão simples, mas que irradiava uma força e um Amor imenso.

Lembro que fiquei meio sem ação olhando para ele sem nada falar por alguns segundos e ele falou-me: “pois não, em que posso ajudá-la?” E eu ainda um tanto que embasbacada por estar diante de alguém tão importante em minha vida espiritual, respondi-lhe: “Nada meu Pai, só queria conhecê-lo”.

Contei-lhe então que lia suas obras, que era médium de um terreiro, e que o tinha como referência em minhas práticas na Umbanda. Ele então me pediu que jamais deixasse de ler, estudar e observar bem. Falou que via naquele momento, um aura azulado ao meu redor, palavras essas que encheram meus olhos de água, e que de certa forma selaram um compromisso que assumi perante a Sagrada Corrente Astral de Umbanda e àquele pequenino homem em sua forma física, porém, enorme em sua espiritualidade, de sempre defender os reais princípios dessa Umbanda de Todos Nós.

Após esse primeiro contato, por algo ocorrido com um irmão meu, fui até Itacuruçá, pedir orientação e esclarecimento à única pessoa que eu confiava – Mestre Yapacani, W. W. Matta e Silva. Não era dia de sessão, não avisei que ia, mas ainda assim, apesar de estar almoçando na hora que cheguei, ele me atendeu. E faço questão de frisar aqui, que me atendeu, sem me cobrar um centavo se quer.

E mais uma vez, minha alma foi invadida por uma emoção indescritível, ao pisar no solo Sagrado da TUO pela primeira vez.

Sentado em seu banquinho, com um copo de água a sua frente me orientou, me esclareceu e me ajudou.

Voltei lá mais uma vez, e fui recebida com o mesmo amor, o mesmo carinho e a mesma compreensão de sempre.

Saibam vocês, que meu contato com Matta e Silva foram apenas três vezes. Entretanto, apesar de nunca ter sido iniciada por ele, ou por seus discípulos, sou uma seguidora da Raiz de Guiné, e sem querer ser pretensiosa, sinto-me filha de Pai Guiné. Porque o respeito, o amo e o tenho como o Mestre que me ajudou e continua ajudando a trilhar os caminhos dessa Umbanda de Todos Nós.

 

Paz, Luz e Harmonia Sempre!

Tania Lacerda.