Mário Tomar no jornal "Luta Democrática" 1

Mário Tomar (Yassuami), Mestre de Iniciação da Raiz de Guiné, no ano de 1979 escreveu alguns artigos no jornal "Luta Democrática" do Rio de Janeiro.  Abaixo a transcrição do primeiro artigo.

 

Saravá Yemanjá

 

Por Mário Thomar

03/01/79

 

Vimos através desta coluna, que hoje marca sua estreia neste vespertino, confraternizar-nos com todos os adeptos dos cultos afros, afro-brasileiros e dos cultos ameríndios, isto é, com todos os nossos irmãos do candomblé, do candomblé de caboclo, da umbanda popular e da umbanda esotérica.

 

Meus irmãos, que a nossa sagrada Mãe Yemanjá, elo envolvente de amor e Luz, Potência Geradora de todas as coisas. Rainha dos Mares, Senhora das Águas, nos proteja, a todos os que a adoramos das mais diversas formas e maneiras.

 

Que neste ano ainda menino, Ela possa estender o Seu Divino Manto, sobre todos nós, ainda tão necessitados de entendimentos.

 

Que Ela possa irradiar sobre os nossos lares, o Seu Imenso Amor, para que possamos mantê-los unidos e com harmonia, nesta época tão confusa e de desintegração.

 

Que Ela possa estender sobre o nosso caminho, a Sua Imensa Luz, para que possamos percorrer com paz, calma e esperança os tortuosos caminhos da vida.

 

Que Ela possa, sobretudo, a nós que vamos bater as portas do Seu Imenso Reino, fazer-nos entender bem, quais os verdadeiros princípios da caridade, fraternidade e solidariedade.

 

Que todos nós que fomos pedir, possamos ter uma centelha de humildade, e, num profundo exame de consciência, vejamos se somos realmente merecedoras daquilo que fomos pedir.

 

Que analisando os atos do ano que findou, possamos ver se realmente nos portamos como um devoto filho Seu.

 

Como nos portamos dentro do lar, para com nossos avós, pais, irmãos, netos, filhos e demais parentes?

 

De que maneira tratamos todo aquele que cruzou o nosso caminho e que por qualquer dívida do passado nos prejudicou?

 

O que fizemos pelo ancião e a criança, hoje tão desamparados e necessitados de carinho?

 

O que demos de nós, àqueles que conosco contou e depositou em nós toda a sua esperança?

 

Será que soubemos ser amigos?

 

Será que como pais-de-santo, não fizemos mais que nos arvorar em Deuses todos poderosos, mais em juízes do que conselheiros, e, cheios de empáfia e vaidade, ainda tivemos a pretensão de querer dar aos outros, A Luz que não temos nem para nós?

 

Será que como médiuns, ou filhos-de-santo, oramos e meditamos, escutamos e pensamos o bastante, para poder aconselhar com amor e humildade.

 

Será que depois de analisarmos os nossos atos, ainda temos coragem de nos intitularmos como tal?

 

Oh! Divina Mãe da Umbanda, não deixes de mãos vazias os que a ti foram pedir...

 

Que possais dar aqueles que necessitam, tudo aquilo que merecem e aqueles que merecem tudo àquilo de que necessitam...

 

...mas, acima de tudo, que todos nós possamos entender e viver dentro da Máxima do Cristo, Oxalá de nossa Umbanda, Médico Supremo do corpo e da alma, quando da sua passagem por este conturbado Mundo.

 

Amemo-nos uns aos outros, e, que é dando, que nos preparamos para receber.

 

Feliz 1979

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Fonte: Arquivo pessoal cedido gentilmento por Mário Tomar